A Itália baniu a inteligência artificial ChatGPT e abriu investigação por suspeita de violação da legislação de coleta de dados. Apesar de temporário, o bloqueio deve ser mantido até que a empresa criadora e detentora da ferramenta, OpenAI, passe a cumprir os regulamentos vigentes na União Europeia.

A agência de proteção de dados italiana anunciou a medida no dia 31 de março de 2023 após perceber falhas na proteção de informação de clientes premium. Segundo o órgão, um bug no programa vaza nome, e-mail e dados bancários dos usuários.

A startup, que tem entre seus fundadores o bilionário da tecnologia Elon Musk, também é acusada de não checar a idade dos internautas e não esclarecer quais dados coleta.

Para a entidade, a inteligência artificial do ChatGPT atua sem "qualquer base legal que justifique a coleta e armazenamento em massa de dados pessoais com o objetivo de 'treinar' os algoritmos subjacentes à operação da plataforma".

Algumas respostas erradas dadas pelo robô, segundo a entidade italiana, sugerem que os dados não estão sendo tratados de forma adequada. Além disso, a medida também é baseada no fato de que a OpenAI estaria expondo crianças a "respostas absolutamente inadequadas".

OpenAI pode ser multada em até € 20 milhões

A agência italiana deu 20 dias para a OpenAI responder à acusação. Se a empresa não fizer as atualizações que garantam a integridade das informações dos usuários no tempo determinado, haverá uma multa de € 20 milhões, o correspondente a cerca de R$ 110 milhões.

O país europeu foi o primeiro a decretar a suspensão do chatbot no Ocidente. O ChatGPT já é bloqueado na China, Hong Kong, Irã, Rússia e alguns países da África.

Após o bloqueio em solo italiano, a Europol, que aplica a lei de proteção de dados da União Europeia, fez alertas sobre o uso indevido do ChatGPT para phishing, disseminação de fake news e crimes cibernéticos, além de expor preocupações éticas e legais.

OpenAI cede às exigências da Itália

Após a notificação da medida, a empresa de tecnologia, que fica na Califórnia, nos Estados Unidos, fez a remoção do serviço na Itália e se disse a favor da regulamentação das inteligências artificiais.

“Trabalhamos ativamente para reduzir os dados pessoais no treinamento de nossos sistemas de IA, como o ChatGPT, porque queremos que nossa IA aprenda sobre o mundo, não sobre indivíduos particulares”, disse a startup em comunicado no The New York Times. 

Dias depois, o CEO da empresa, Sam Altman, se comprometeu a apresentar ao governo um documento com medidas de transparência e boas práticas de tratamento de dados.

A proposta será chamada de Garante Privacy, e há indícios de que a OpenAI aceitará mais critérios para verificar a idade dos usuários.

ChatGPT causa alvoroço no mundo da tecnologia

Desde que foi lançado, em novembro de 2022, o chatbot atraiu olhares de internautas, empresas e, claro, do mundo da tecnologia.

Em apenas dois meses, a plataforma chegou a 100 milhões de usuários ativos, tendo o maior crescimento de aplicativo de consumo da história.

Sem regulação e pouca clareza sobre os perigos da inteligência artificial, especialistas e personalidades da tecnologia assinaram uma carta aberta solicitando a paralisação no desenvolvimento de sistemas de IA para análise dos "riscos profundos para a sociedade e a humanidade".

O movimento ocorreu logo após o lançamento do GPT-4, nova versão da base de dados que abastece o ChatGPT que parece ser mais poderosa e ter menos transparência sobre as fontes de dados.

A imagem deste post foi gerada através da IA do Canva, com o termo "italiano perplexo".